Aqui está o capitulo 1. Antes de cada capitulo eu coloco uma foto de um personagem que tenha entrado nesse capitulo. Tirei essa ideia de um blog que eu estou seguindo e comentando. Já informei a autora do blog e ela me respondeu que eu poderia usar a ideia.
A garota magricela virou a cabeça e olhou fixamente para Miley Cyrus com os seus grandes olhos vazios.
- Deixe-me em paz. Estou cansada de mais para continuar falando.
Miley contemplou com ar preocupado a frágil adolescente sentada à sua frente. Miranda Cosgrove tinha sido gozada pela milésima vez pelo grupo dos populares. Foi quase que obrigada pela diretora a vir à sala de psicologia. Miley conseguia distinguir cada uma das costelas daquela jovem de dezassete anos por baixo de sua camisa. Tinha as faces cavadas e o cabelo castanho. Nesse momento veio à sua memória uma garota da mesma idade de Miranda, Ivy, uma garota que não teve tempo de ser "segurada". Miley teve que dominar um sentimento de pânico. "Você fez tudo o que pôde pela Ivy" - recordou para si mesma - "Era demasiado tarde para ela. Você não teve culpa". Mas era dificil se convencer. Miley ainda acordava a meio da noite com pesadelos acerca de Ivy, com os seus grandes olhos enterrados cheios de acusações.
- Miranda? - disse Miley com gentileza - Me deixa te fazer uma pergunta. Consegue me dizer o que seria preciso para querer viver?
- Eu não disse que não queria viver. - protestou a garota numa voz monótona, tão fraca que mal se ouvia - Só tenho de vigiar minha ingestão de alimentos porque estou demasiado gorda. Por isso é que eu sou gozada por eles.
Miley hesitou, escolhendo a sua resposta com todo o cuidado. Com vinte e quatro anos tinha o doutoramento em psicologia mas aquele lugar na escola era o seu primeiro emprego a tempo inteiro. Trabalhar com doentes era muito mais assustador que fazer trabalho de pesquisa na biblioteca da universidade e tratar clientes sob a supervisão constante de um profissional experiente. Por vezes tinha a sensação de ainda não ter recuperado o equilíbrio depois de Ivy ter sucumbido à sua anorexia, alguns meses antes. Mas todos tinham razão. Ela não se devia culpar. Ela fez tudo o que podia para ajudar a garota.
- Miranda, ambas sabemos que a fome pode levar à morte. E a morte é uma maneira de escapar ao que te faz sofrer, seja o que for. Alguma coisa está a te provocar sofrimento, a causar-te tão grande dor.
Uma lágrima correu pela face da jovem. Não se deu ao trabalho de a limpar.
- Falar sobre o assunto também é uma forma de fuga. - insistiu Miley - Uma forma melhor. Se conseguir dizer em voz alta podemos procurar soluções.
A garota olhou para Miley com um olhar obcecado.
- Eu me odeio a mim mesma. Como hei-de fugir de mim mesma? - perguntou - Sou gorda. Sou uma falhada. Não tenho amigos. Uns gozam comigo, já outros fazem de conta que eu não existo. Não tenho namorado porque ninguém consegue sequer me amar. As minhas qualificações não são suficientemente boas. Não sou bonita. Sou uma desilusão completa para os meus pais...
Miley ficou pensando nos pais de Miranda. Eram pessoas instruídas, atraentes e ricas. E Miranda era filha única. Na sua curta conversa com eles, Jerry Cosgrove, lhe dissera que ele e a mulher eram pessoas de meios que tinham dado tudo à filha. Não se viam como parte do problema de Miranda. "Eu tenho que salvar a vida desta adolescente" - pensou Miley.
- Muito bem. - disse Miley respirando fundo - Me fala, você tinha alguma pessoa em quem confiar?
- Tinha. Mas nós perdemos contato.
- Essa pessoa saiu da escola?
- Não. É o Nathan Kress. Acho que sabe quem é.
- Sei sim. Conheço esse garoto. Mas, o que aconteceu?
- A Jennette e os amigos dela não nos deixavam em paz, continua até hoje. E nós decidimos parar de nos falarmos. Agora a Jennette não nos faz tanto mal.
Miley analisou bem a situação.
- Muito bem. Me fala de seus pais.
Tadinha da Miranda, né?
Já deu a entender que a Miranda é anorética e que o Nathan também é gozado pela Jennette.
Espero que tenham gostado do capitulo.
Beijos.
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